Page 38 - Revista Ato_Ano_2_n_1
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Sintoma / SinthomaSinthoma
não a uma singularidade. Quando Lacan diz que Joyce é
desabonado do inconsciente, é o mesmo que dizer que ele
é a encarnação do sinthoma, ou seja, a encarnação do que
há de singular em cada indivíduo. Um sinthoma que não
chega a comunicar, que se afasta de toda generalidade e
apreende cada um como Um absoluto, separado.
Em seu derradeiro ensino, Lacan não pensa
mais a psicanálise fundada sobre o Outro, não quer mais
ouvir as histórias de famílias, quer escutar outra coisa
que o discurso do Outro. Agora, no fim de seu ensino se
interessa mais pelo sinthoma do Um. Por isso, diz Miller,
que o último ensino lacaniano é o avesso, o contrário
de seu sistema, e esse avesso procede do Um, e não do
Outro. Lacan leva a psicanálise para o registro do Um,
para repensar sua prática a partir do que há de singular, o
sinthoma do Um. Segundo ele, é por isso proceder do Um
completamente sozinho que Lacan, em seu Seminário 24,
desde a primeira lição se interroga a identificação.
Quer dizer que ele delineia, esboça, precisa compreender a
identidade sintomal (symptomale) do que chamamos, com
imprudência de sujeito, e sugere que a psicanálise poderia
ser definida como acesso à identidade sintomal (symptomale),
isto é, não se contentar em dizer o que os outros quiserem,
não se contentar em ser falado por sua família, mas aceder
à consistência absolutamente singular do sinhtoma (Miller,
2009, p. 142).
Com isso, entende-se, que um final de análise
conduzido de acordo com o último ensino de Lacan, deve
38 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 35-46, 2016
não a uma singularidade. Quando Lacan diz que Joyce é
desabonado do inconsciente, é o mesmo que dizer que ele
é a encarnação do sinthoma, ou seja, a encarnação do que
há de singular em cada indivíduo. Um sinthoma que não
chega a comunicar, que se afasta de toda generalidade e
apreende cada um como Um absoluto, separado.
Em seu derradeiro ensino, Lacan não pensa
mais a psicanálise fundada sobre o Outro, não quer mais
ouvir as histórias de famílias, quer escutar outra coisa
que o discurso do Outro. Agora, no fim de seu ensino se
interessa mais pelo sinthoma do Um. Por isso, diz Miller,
que o último ensino lacaniano é o avesso, o contrário
de seu sistema, e esse avesso procede do Um, e não do
Outro. Lacan leva a psicanálise para o registro do Um,
para repensar sua prática a partir do que há de singular, o
sinthoma do Um. Segundo ele, é por isso proceder do Um
completamente sozinho que Lacan, em seu Seminário 24,
desde a primeira lição se interroga a identificação.
Quer dizer que ele delineia, esboça, precisa compreender a
identidade sintomal (symptomale) do que chamamos, com
imprudência de sujeito, e sugere que a psicanálise poderia
ser definida como acesso à identidade sintomal (symptomale),
isto é, não se contentar em dizer o que os outros quiserem,
não se contentar em ser falado por sua família, mas aceder
à consistência absolutamente singular do sinhtoma (Miller,
2009, p. 142).
Com isso, entende-se, que um final de análise
conduzido de acordo com o último ensino de Lacan, deve
38 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 35-46, 2016