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angústia, nominação realSobre a angústia

O objeto a no registro especular

O campo da imagem especular e o campo do
Outro se atam na passagem que ocorre a partir do estádio do
espelho para a estruturação definitiva, aquela que institui o
sujeito como clivado pelo significante. No estádio do espelho
há uma relação entre o momento jubilatório em que o bebê
assume sua imagem especular e o movimento que faz ao se
voltar para o adulto pedindo assentimento. Este pode ser
considerado como o indício da ligação inaugural entre o
advento da função da imagem especular e a relação com o
Outro. Assim, a relação especular encontra-se dependente
do fato de que o sujeito se constitui no lugar do Outro, pelo
significante.

O investimento especular se dá no interior da
dialética do narcisismo, a partir da identificação. Por outro
lado, esse investimento está também na base do desejo, na
medida em que ele supõe essa relação ao outro.

Rinaldi cita Marcos Comaru quando diz ele que

é nos impasses da relação entre o desejo e identificação que
a angústia surge sob a forma de uma questão: O que queres
de mim? Que quer ele em relação a esse lugar do eu? No
momento de virada entre o investimento no outro (desejo)
e a retração narcísica (identificação), a angústia comparece
como índice de que nem tudo no campo dos investimentos se
desdobra em identificação. Este resto não incorporável no eu,
esse resíduo de investimento narcísico, isso que não entra na
imagem especular é postulado por Lacan como sendo causa
da angústia (COMARU apud RINALDI, 1995, p. 2).

44 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 39-50, 2015
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