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angústia, nominação realSobre a angústia

função do resto libidinal cortado do imaginário que J. Lacan
explica a razão do Unheimlich” (MILLER, 2005, p. 73).

O objeto a

Após percorrer alguma das formas de abordagem
da angústia feita por Lacan no Seminário X, passaremos
ao estatuto do objeto em sua teoria. É no Seminário X,
A Angústia que o objeto vai receber efetivamente um
status singular na psicanálise, diferente de qualquer outra
concepção de objeto. Trata-se de um objeto conceitual,
inapreensível à experiência. É esse o objeto da angústia,
que é apenas um lugar, e tem seu estatuto especial de
causa do desejo.

Freud, em seus estudos, percebeu a estreita
relação entre a angústia e a situação do nascimento. O que
interessa no contexto do nascimento é a função de corte
que funda uma relação do sujeito com uma parte separada
de seu corpo, um apêndice, como nomeia Lacan. O corte
que é realizado no nascimento, e que traz consigo todas as
implicações para o campo do objeto e a angústia, é aquele
que ocorre entre o bebê e os envoltórios embrionários que
fazem parte de seu corpo. Lacan dirá que é esse “o corte
que nos interessa, o que deixa sua marca num certo número
de fenômenos clinicamente reconhecíveis” (LACAN, 2005,
p. 136).

46 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 39-50, 2015
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