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angústia, nominação realSobre a angústia

como um sinal, apontando para a situação de perigo vivida
como desamparo. Sobre este, vivido de forma avassaladora,
Lacan, por sua vez, em sua leitura de Freud, dirá que
o excesso econômico que invade o sujeito de forma
avassaladora nada mais é que o desejo do Outro. Diante
desse desejo o sujeito fica imobilizado e sem recursos,
em absoluto estado de desamparo. Diante da obscuridade
e da opacidade do desejo do Outro, o sujeito vai então se
questionar: “O que o Outro quer de mim?

Segundo Lacan, não é a ausência do Outro que
desperta angústia, mas sim o desejo do Outro, ou seja, a
presença do Outro. O desamparo de que se trata é o da
linguagem, vindo marcar os limites do simbólico. É o
desamparo de não encontrar no Outro um significante que
responda sobre o ser do sujeito, sobre sua sexualidade.

Neste sentido, o encontro traumático também
é dessa ordem, pois o sujeito topa com aquilo para o qual
não possui um referencial simbólico para lidar, algo que
se revela como inassimilável para ele. O trauma rompe
o sentido dentro do qual o sujeito encontra alguma
homeostase e introduz uma falta de sentido, um não senso.
Dito de outro modo, o trauma introduz algo de real, de não
senso no imaginário do sujeito. A esse respeito dirá Lacan:
“O drama do sujeito no verbo é que ele experimenta ali sua
falta a ser...” (LACAN, 1998, p. 661). Os versos do poema
abaixo dizem dessa falta.

40 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 39-50, 2015
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