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Rosana Scarponi Pinto fazer escola
Após percorrer essas referências para a escuta da
demanda de entrada na Escola, é importante lembrar um
ponto: a Escola não se desobriga de estar fundamentada na
teoria psicanalítica, mas o percurso para tornar-se analista,
este depende essencialmente da implicação de cada um
com a causa analítica e com a sua própria experiência.
Essa “formação” do analista continua sendo
um desafio para as Escolas, que são sempre e novamente
convocadas a encontrar um modo de pensá-la, sem
destituir-lhe a essência.
Na intervenção na sessão de trabalho “Sobre o
passe” (03.11.1973, Lettres de l’École Freudienne, 1975,
n° 15, p. 185-93), Lacan afirma:
Eis o que eu obtenho após ter proposto esta experiência. Eu
obtenho alguma coisa que não é absolutamente da ordem do
discurso do mestre nem do magister, ainda bem menos alguma
coisa que partiria da ideia de formação (...) eu jamais falei de
formação analítica. Eu falei de formações do inconsciente.
Não há formação analítica, mas da análise se extrai uma
experiência, que é completamente errôneo qualificá-la de
didática. Não é a experiência que é didática, digo isso porque
há pouco se falava da psicanálise didática; por que vocês
acreditam que tentei apagar completamente este termo
didática, e que eu falei de psicanálise pura? Isso tinha, ainda
assim, uma certa direção, não é? Isso não impede que uma
psicanálise seja didática, mas o didatismo da coisa, eis como
nós o situaremos melhor: eu falei no ano passado, em um dos
últimos Seminários, sobre o que está em jogo na pretensa
experiência interrogativa a respeito do animal. Colocam-se,
como vocês sabem, diversos animais em pequenos labirintos,
onde eles ficam como ratos, é o caso de dizê-lo. O que se
faz? São ensinados a aprender (on leur apprend à apprendre).
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 139-148, 2015 145
Após percorrer essas referências para a escuta da
demanda de entrada na Escola, é importante lembrar um
ponto: a Escola não se desobriga de estar fundamentada na
teoria psicanalítica, mas o percurso para tornar-se analista,
este depende essencialmente da implicação de cada um
com a causa analítica e com a sua própria experiência.
Essa “formação” do analista continua sendo
um desafio para as Escolas, que são sempre e novamente
convocadas a encontrar um modo de pensá-la, sem
destituir-lhe a essência.
Na intervenção na sessão de trabalho “Sobre o
passe” (03.11.1973, Lettres de l’École Freudienne, 1975,
n° 15, p. 185-93), Lacan afirma:
Eis o que eu obtenho após ter proposto esta experiência. Eu
obtenho alguma coisa que não é absolutamente da ordem do
discurso do mestre nem do magister, ainda bem menos alguma
coisa que partiria da ideia de formação (...) eu jamais falei de
formação analítica. Eu falei de formações do inconsciente.
Não há formação analítica, mas da análise se extrai uma
experiência, que é completamente errôneo qualificá-la de
didática. Não é a experiência que é didática, digo isso porque
há pouco se falava da psicanálise didática; por que vocês
acreditam que tentei apagar completamente este termo
didática, e que eu falei de psicanálise pura? Isso tinha, ainda
assim, uma certa direção, não é? Isso não impede que uma
psicanálise seja didática, mas o didatismo da coisa, eis como
nós o situaremos melhor: eu falei no ano passado, em um dos
últimos Seminários, sobre o que está em jogo na pretensa
experiência interrogativa a respeito do animal. Colocam-se,
como vocês sabem, diversos animais em pequenos labirintos,
onde eles ficam como ratos, é o caso de dizê-lo. O que se
faz? São ensinados a aprender (on leur apprend à apprendre).
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 139-148, 2015 145