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Neuza Loureiro

As mudanças estruturais foram implementadas

na Instituição incidindo sobre a nomeação, passando

de Grupo de Estudos Psicanalíticos para Grep – Ensino

e Transmissão em Psicanálise, até chegar ao momento

do passo para Escola, onde o impasse da nominação se

estabeleceu.

Tais preocupações, levando-se às devidas pro-

porções, podem nos reportar ao ato de Lacan. Diante de

sua exclusão da lista de analistas didatas da Sociedade

Freudiana de Paris, SFP – feita em 13/10/1963, mas que

permitia que continuasse a ensinar –, Lacan se indaga:

interessava à psicanálise oferecer um saber sem sujeito?

Tal resolução constitui ponto inegociável a respeito do qual

teve que tomar posição: “decidir-se quanto à pertença de

um dentro e um fora da legitimidade oferecida pelo império

fundado por Freud, em 1910” (RAMOS, jul./dez. 2010, p.

11). fazer escola

Lacan optou pela ruptura e funda sua Escola,

rompendo com a sociedade que havia fundado, dispensando

a demanda de reconhecimento pelo pai. Ele fez um corte.

Seu ato de tomada de posição quanto à herança da teoria de

Freud, não sem angústia e consequências, leva-o a articular

um novo conceito, o de Ato. Ele fez uma escolha forçada,

mas tomou posição, “escolheu entre a originalidade de um

desejo e o apego ao imaginário das origens, no qual sempre

temos a ilusão de encontrar garantias” (RAMOS, jul./dez.

2010, p.18). 135

Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 131-138, 2015
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