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fazer escolaChegar ou partir?
vale para alguns a ponto de lhes ser essencial...” (LACAN,
2003, p. 250). No caso da Escola, as consequências desse
corte só serão conhecidas a posteriori e os analistas terão
que sustentar esse corte.
Os impasses levaram-me ao Seminário de 1964
– Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise, no
qual Lacan se refere à práxis dizendo que “é o termo mais
amplo para designar uma ação realizada pelo homem,
qualquer que ela seja, que o põe em condição de tratar o
real pelo simbólico” (LACAN, 1985, p. 14).
Na Proposição de 9 de outubro de 1967, vemos
Lacan falar da não garantia e também que “não instituímos
o novo senão no funcionamento”; completando diz, ainda,
que o analista deve “tornar-se responsável pelo progresso
da Escola” (LACAN, 2003, p. 248).
O percurso do Grep, ao longo dos anos,
deixa claro que os analistas não fizeram dali um espaço
de acomodação, pelo contrário, fizeram um lugar de
desassossego condizente com a virulência da descoberta
de Freud, tendo conhecimento que existe um real em
jogo e diante das contingências, não hesitaram, não sem
inventividade, encontrando caminhos diferentes, que
evitassem os inconvenientes, guiados pelo pode fazê-lo
e, portanto, deve fazê-lo. Vale a pena ressaltar que o fazer
não se deu pela intenção, pois isso não é suficiente, ou
pela moral, mas sim pelas condições que foram dadas,
instaurando-se assim uma ética, um salto ético.
134 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 131-138, 2015
vale para alguns a ponto de lhes ser essencial...” (LACAN,
2003, p. 250). No caso da Escola, as consequências desse
corte só serão conhecidas a posteriori e os analistas terão
que sustentar esse corte.
Os impasses levaram-me ao Seminário de 1964
– Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise, no
qual Lacan se refere à práxis dizendo que “é o termo mais
amplo para designar uma ação realizada pelo homem,
qualquer que ela seja, que o põe em condição de tratar o
real pelo simbólico” (LACAN, 1985, p. 14).
Na Proposição de 9 de outubro de 1967, vemos
Lacan falar da não garantia e também que “não instituímos
o novo senão no funcionamento”; completando diz, ainda,
que o analista deve “tornar-se responsável pelo progresso
da Escola” (LACAN, 2003, p. 248).
O percurso do Grep, ao longo dos anos,
deixa claro que os analistas não fizeram dali um espaço
de acomodação, pelo contrário, fizeram um lugar de
desassossego condizente com a virulência da descoberta
de Freud, tendo conhecimento que existe um real em
jogo e diante das contingências, não hesitaram, não sem
inventividade, encontrando caminhos diferentes, que
evitassem os inconvenientes, guiados pelo pode fazê-lo
e, portanto, deve fazê-lo. Vale a pena ressaltar que o fazer
não se deu pela intenção, pois isso não é suficiente, ou
pela moral, mas sim pelas condições que foram dadas,
instaurando-se assim uma ética, um salto ético.
134 Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 131-138, 2015