Page 66 - Revista ATO Ano 4 N 4
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A economia pulsional, o gozo e sua lógicaO gozo nosso de cada dia
Apresentamos algumas imagens da obra do artista plástico
austríaco Erwin Wurm, exposição que esteve em Belo Ho-
rizonte no período de julho a setembro de 2017, cujo tema
foi “O corpo é a casa”. Essas imagens retratam a economia
pulsional marcada no corpo, ou seja, o gozo nosso de cada
dia. Gozo cifrado no corpo a partir de sua captura pelo sig-
nificante que diz de uma experiência traumática, de um
encontro sempre faltoso.
Pretendemos, neste artigo, trabalhar o gozo em sua verten-
te de sofrimento, do sujeito que chega em nosso consultó-
rio inundado pela angústia que se manifesta no corpo.
Freud (1914), ao expor a dimensão clínica da repetição, a
contrapõe à recordação. O paciente repete, sob as condi-
ções da resistência, tudo o que já avançou a partir das fon-
tes do recalcado, suas inibições, suas atitudes inúteis, seus
traços patológicos de caráter e todos os seus sintomas.
Lacan (1964) nos traz aquilo que está no núcleo de toda
experiência analítica: o trauma, da ordem do inassimilável,
do encontro que desvela a impossibilidade de satisfação.
Define tiquê como ”encontro do real”. O real estaria para
além do automaton, do retorno, da volta, da insistência dos
signos aos quais nos vemos comandados pelo princípio do
prazer. A repetição estaria, em sua natureza, sempre ve-
lada, não podendo ser confundida com a reprodução ou a
modulação pela conduta de uma espécie de rememoração
agida.
66 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 61-71, 2018
Apresentamos algumas imagens da obra do artista plástico
austríaco Erwin Wurm, exposição que esteve em Belo Ho-
rizonte no período de julho a setembro de 2017, cujo tema
foi “O corpo é a casa”. Essas imagens retratam a economia
pulsional marcada no corpo, ou seja, o gozo nosso de cada
dia. Gozo cifrado no corpo a partir de sua captura pelo sig-
nificante que diz de uma experiência traumática, de um
encontro sempre faltoso.
Pretendemos, neste artigo, trabalhar o gozo em sua verten-
te de sofrimento, do sujeito que chega em nosso consultó-
rio inundado pela angústia que se manifesta no corpo.
Freud (1914), ao expor a dimensão clínica da repetição, a
contrapõe à recordação. O paciente repete, sob as condi-
ções da resistência, tudo o que já avançou a partir das fon-
tes do recalcado, suas inibições, suas atitudes inúteis, seus
traços patológicos de caráter e todos os seus sintomas.
Lacan (1964) nos traz aquilo que está no núcleo de toda
experiência analítica: o trauma, da ordem do inassimilável,
do encontro que desvela a impossibilidade de satisfação.
Define tiquê como ”encontro do real”. O real estaria para
além do automaton, do retorno, da volta, da insistência dos
signos aos quais nos vemos comandados pelo princípio do
prazer. A repetição estaria, em sua natureza, sempre ve-
lada, não podendo ser confundida com a reprodução ou a
modulação pela conduta de uma espécie de rememoração
agida.
66 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 61-71, 2018
