Page 18 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Elaborações que nos remetem ao campo do “buraco”.A presença de “a” enquanto presença do inconsciente

Isso assim colocado, logo no início da conversa,
nos convida a cernir o campo da causa, enquanto desejo
do analista. Esse não é um desejo puro, uma vez que,
confrontado com a fenda significante que o determina,
posiciona-se marcado pela lei que o institui. Posição de
assujeitamento ao significante primordial, uma vez que
essa barra o coloca em condição de renúncia ao objeto que
lhe é oferecido.

Fez-se necessária essa elaboração da posição
do psicanalista articulada ao desejo do analista, enquanto
desejo de buscar a mínima diferença, para que estejamos
em condições de construir o que Lacan diz da presença do
inconsciente enquanto presença do analista.

Certamente, seguindo os trilhos de Freud,
ao abordar o inconsciente pelo ponto de vista dinâmico,
econômico e topográfico, Lacan é convocado a partir de
sua práxis, a conceituar os fundamentos da psicanálise: o
inconsciente, a repetição, a pulsão e a transferência.

Por um lado, está colocado que o inconsciente
é o discurso do Outro, uma vez que a linguagem fornece
o suporte em forma de tecido significante. O Outro deixa
cair significantes, e esses organizam de modo inaugural as
relações, dão-lhes a estrutura de funcionamento. E é essa
estrutura que dá seu estatuto ao inconsciente, e leva Lacan
([1964] 2008, p. 25) a afirmar, que “[...] o inconsciente é
estruturado como uma linguagem [...]”. Mas desde Freud
já está posto que o inconsciente se apresenta a partir de
suas formações como uma linguagem: o trabalho do sonho,
o chiste, o sintoma e os atos falhos testemunham isso.

18 Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 17-24, 2016
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