Page 19 - Revista Ato - O Nó e a Clínica - Ano 3 / nº2
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Maria Cristina M. Moura
Por outro lado, Lacan afirma que “a presença do Elaborações que nos remetem ao campo do “buraco”.
analista é, ela própria, uma manifestação do inconsciente”
([1964]2008, p.1210), ou ainda que “os psicanalistas fazem 19
parte do conceito de inconsciente, posto que constituem
seu destinatário, a presença do inconsciente, por se situar
no lugar do Outro, deve ser buscada em todo discurso, em
sua enunciação “([1966]1988,p.848)”. Essas afirmações
convocam a uma elaboração.
A análise se engaja na falta central em que o
sujeito faz a experiência de desejar, na hiância aberta entre
o sujeito e o Outro. O a minúsculo, esse objeto paradoxal,
não atravessa jamais essa hiância. Esse a se apresenta como
“objeto indeglutível” e, acrescento, insignificantizável,
dizemos com Lacan, “[...] que resta atravessado na garganta
do significante”. [...] “O objeto a é esse objeto que, na
experiência mesma, na marcha e no processo sustentado
pela transferência, se assinala para nós por um estatuto
especial” (LACAN, [1964] 1988, p. 255).
A presença do objeto é sempre encontrada
no movimento da transferência, e ao analista a operação
transferencial há de ser regrada para manter a distância
entre o amor e a causa como falta por a, de modo que a
hiância não fique arrolhada amorosamente por, a - na - lista.
“Eu deixei a mala lá”, diz o analisante.
Endereça ao analista esses pares significantes
como um presente de um sujeito barrado dirigindo-se ao
Outro, feliz por sua conquista de sustentação imaginária.
É nessa situação paradoxal da transferência enquanto
Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 17-24, 2016
Por outro lado, Lacan afirma que “a presença do Elaborações que nos remetem ao campo do “buraco”.
analista é, ela própria, uma manifestação do inconsciente”
([1964]2008, p.1210), ou ainda que “os psicanalistas fazem 19
parte do conceito de inconsciente, posto que constituem
seu destinatário, a presença do inconsciente, por se situar
no lugar do Outro, deve ser buscada em todo discurso, em
sua enunciação “([1966]1988,p.848)”. Essas afirmações
convocam a uma elaboração.
A análise se engaja na falta central em que o
sujeito faz a experiência de desejar, na hiância aberta entre
o sujeito e o Outro. O a minúsculo, esse objeto paradoxal,
não atravessa jamais essa hiância. Esse a se apresenta como
“objeto indeglutível” e, acrescento, insignificantizável,
dizemos com Lacan, “[...] que resta atravessado na garganta
do significante”. [...] “O objeto a é esse objeto que, na
experiência mesma, na marcha e no processo sustentado
pela transferência, se assinala para nós por um estatuto
especial” (LACAN, [1964] 1988, p. 255).
A presença do objeto é sempre encontrada
no movimento da transferência, e ao analista a operação
transferencial há de ser regrada para manter a distância
entre o amor e a causa como falta por a, de modo que a
hiância não fique arrolhada amorosamente por, a - na - lista.
“Eu deixei a mala lá”, diz o analisante.
Endereça ao analista esses pares significantes
como um presente de um sujeito barrado dirigindo-se ao
Outro, feliz por sua conquista de sustentação imaginária.
É nessa situação paradoxal da transferência enquanto
Revista da ATO - escola de psicanálise, Belo Horizonte, O Nó e a Clínica, Ano III, n. 2, pp. 17-24, 2016