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Função de nominaçãoNominação como efeito do pai real

Uma questão tem me intrigado neste percurso:
a do pai nomeante. Quem é ele? O que ele nomeia? Para
quê? E qual a função da nominação na transmissão de uma
escola de psicanálise?

O trabalho de escola nos coloca diante do real
assim como na clínica e exige um mais além do simbólico
e do imaginário, sem no entanto prescindir deles.

O ensino de Lacan ao longo do tempo oscilou em
privilegiar um dos registros- real, simbólico, imaginário-
sobre outro. “O nó borromeano é a estrutura que Lacan
‘esperava’ desde o início de seu ensinamento, para articular
os três ‘registros essenciais da realidade humana...’”
(NAWAWI, 2007, p. 119). Com a escrita do nó borromeano,
ele homogeiniza R S I, dizendo que em cada elo há real,
simbólico e imaginário. Ele relaciona simbólico ao buraco,
imaginário à consistência e real à ex-sistência. E diz que “o
real cabe nesses três termos” (LACAN, 1975, p.65).

Segundo Gilda Rodrigues, com a topologia dos
nós “estamos diante de um recurso que permite amarrar
a estrutura num mais além das relações duais sustentadas
no eixo aa’, e mais além da estrutura fantasmática”

(RODRIGUES, 2013, p. 111).
Mais além, além da linguagem, além do

inconsciente, além da estrutura edipiana e fantasmática
que constituem do sujeito, lugar do real, pura pulsão, da
qual não se pode fugir.

Ao enunciar mais um vez, na lição de 15 de
abril de 1975, a propriedade do nó, de que basta um de

88 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 87-93, 2016
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