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Função de nominaçãoNominação como efeito do pai real

Lacan, neste momento, pluraliza o Nome do Pai
para dizer da inconsistência do pai. O pai simbólico, que
faz metáfora e barra o desejo da mãe introduz o sujeito na
ordem simbólica. No entanto, algo se perde nessa operação
simbólica, de substituição e fica fora da linguagem,
impondo um limite ao saber do pai. O pai fica no campo
da ex-sistência, ou seja, em um campo fora que não é um
não-dentro.

No nó, os Nomes do Pai não estão apenas no
buraco do simbólico. Os Nomes do Pai declinam-se em
real, simbólico e imaginário. Eles não são apenas nomes
introduzidos pela mãe, mas também fazem função de
nominação, fazem uma escritura do real, do simbólico e do
imaginário. “A nominação é a única coisa de que estejamos
certos fazer buraco” (LACAN, 1975, p.65)

Lacan fala então de três nominações: no sim-
bólico, no real e no imaginário. A nominação no simbólico
se passa na forma do sintoma, como efeito do simbólico
no real. No real, a nominação se faz por meio da angústia,
que sinaliza e ao mesmo tempo delimita o campo do real
avassalador, fazendo certa contenção no corpo. A nomina-
ção se faz também no imaginário como inibição, que im-
pede o sujeito de se fazer representar no campo do Outro
pela falta de um representante pulsional. Segundo Gilda
Vaz Rodrigues, a inibição pode ser pensada também pelo
conceito de Eu Ideal, que visa atingir uma imagem ideal de
seu eu. A inibição barra o sujeito nessa busca e preserva a

90 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 87-93, 2016
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