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Viviane Gambogi Cardoso Função de nominação

seus elementos romper para que todos os outros fiquem
igualmente desatados, Lacan reforça esse mais além do
par, das relações duais, ou seja, a não relação sexual.

O nó não é um modelo, pois não se faz com o
imaginário, nem com a representação, mas justamente
com o que escapa a uma representação. O nó, diz Lacan, é
o suporte. Com os três se faz mais um. Essa é a estrutura
do cartel: “...um cartel parte de três mais uma pessoa,
coisa que em princípio, faz quatro, e que dei como máximo
cinco, graças a que, faz seis” (LACAN, 1975, p.64).

Lacan diz que o ponto de partida para qualquer
nó se constitui na não-relação sexual como buraco. Não
dois, pelo menos três, e isso já faz quatro. Donde sua
expressão mais-uma. E será retirando uma, real, que o
grupo se desata.

Essa função que descompleta e que ao mesmo
tempo faz suplência, ou seja, é uma a mais, é a estrutura de
uma escola de psicanálise, seu suporte de transmissão, e
permite que o discurso analítico veicule a falta como causa,
limitando o saber todo, esburacando-o. E o que dá conta
desse discurso é o nó. Nó que parte da não relação para
fazer laços, que se atam e desatam.

Lacan evoca a tríade freudiana - inibição, sin-
toma e angústia - para falar de tipos de amarração, que se
desprendem respectivamente do imaginário, do simbólico
e do real, descortinando o campo da ex-sistência e ao mes-
mo tempo fazendo emergir os Nomes do Pai.

Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 87-93, 2016 89
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