Page 21 - Revista Ato_Ano_2_n_1
P. 21
Labibe Geralda Gil Alcon Mendes

sujeito para outro significante, assim, o obsessivo procura

um significante que deixe de funcionar como tal, de modo a

que seu desejo se prenda totalmente à demanda do Outro;

dito de outro modo, seu desejo é de morte do desejo.

No fragmento acima, a analisanda ocupa a

posição do sujeito identificado com o objeto a, via uma

significação (sou o burro de carga) implica um gozo

narcísico. Há aí uma tentativa de segurar o objeto a, que

se mostra atrelado a uma significação. Segundo Lacan,

a inibição é o resultado do embaraço do sujeito com um

sentido particular que o amarra (Lacan, 1974-75). Nesta

posição, o sujeito permanece engessado a essa significação,

e a tudo que decorre desse lugar que ocupa, já que a inibição

é, justamente, um recuo diante do desejo, ali o sujeito é.

Vaz afirma: Freud coloca que o supereu é o herdeiro do

complexo de Édipo – um imperativo de gozo que não cessa

de se inscrever; resto que insiste. Tal resto será elaborado

por Lacan por meio do conceito de objeto a como núcleo real Inibição

de gozo. Podemos inferir daí que o a é o que resta como o

herdeiro do supereu, resto, não simbolizado, que estrutura

a subjetividade humana (Rodrigues, 2013, p.124).

Os sintomas na neurose obsessiva se apresentam

como dispositivos que permitem ao sujeito manter o desejo

como impossível. É para isto que o obsessivo trabalha feito

escravo. O obsessivo sofre, segundo Lacan, “o efeito de

supereu, quer dizer que os obsessivos se infligem toda sorte

de tarefas particularmente árduas, desgastantes” (Lacan,

Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 15-23, 2016 21
   16   17   18   19   20   21   22   23   24   25   26