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Margareth Almeida Khattar

Se há uma ligação entre angústia e castração, angústia, nominação real
Lacan dirá no Seminário10, A Angústia (1962 – 1963) que
é “em função do esvaecimento da função fálica no nível em
que se espera que o falo funcione, o que vem a constituir o
princípio da angústia de castração” (LACAN, 2005, p.283).

Freud primeiro reconhece que a angústia
é algo que se sente, um estado afetivo, apesar de não
definir ao certo o que seja afeto. Ela tem um caráter de
desprazer próprio, pois nesse momento ele se preocupa
em diferenciar a angústia da dor e luto. Caráter difícil de
isolar, mas que se faz acompanhar de sensações físicas no
corpo, processos de descarga e percepções desses atos,
que se dão na relação do sujeito com o objeto, na perda
ou ausência desse objeto, e no aspecto do que isso possa
estabelecer como dependência do objeto.

Mostra-se alerta, porém, contra uma maior
estimativa do fator apenas de perda do objeto, visto que
ele poderia não ser decisivo para o sexo feminino, uma
vez que as meninas, no curso de seu desenvolvimento, são
levadas a fazer uma terna catexia objetal pelo seu complexo
de castração, pois é precisamente nas mulheres que a
situação de perigo parece ter permanecido mais efetiva. O
que se precisa fazer é proceder a uma ligeira modificação
na descrição do seu determinante de angústia, no sentido
de que não se trata mais de sentir a necessidade do próprio
objeto ou de perdê-lo, mas da perda de amor da parte

do objeto (FREUD, v. XX, 1996, p.141), pois mesmo na

presença, a falta de garantia de seu amor angustia.

Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 51-58, 2015 53
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