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Gilda Vaz Rodrigues efeitos da transmissão
do sinthoma. Esse sinthoma é um gozo solitário, mas a
partir do qual se estabelecem novos laços com a vida.
Essa nova dimensão do sintoma foi formulada
por Lacan trabalhando sobre a biografia de James Joyce,
cuja escrita se tornou seu sinthoma à medida que, por
meio de sua escrita, Joyce se fez um nome. Cada um de
nós também faz sua própria escrita no decorrer da vida,
de modo tal que se pode reconhecer quem se é pelo talho
dessa escrita.
Se há algo no sujeito que perdura, também há
em sua estrutura uma variável que escapa à determinação
e impõe o novo. Determinação e liberdade, dois operadores
no ato de se reinventar.
Nossa personagem, num belo dia, acorda, junta
suas coisas, seus restos, sua bagagem e retoma o fio de sua
vida. O que a espera?
Talvez possa se reinventar e explorar recantos
de seu ser que ficaram à espera de uma nova montagem,
uma outra leitura. Isso vem como um a mais, um gozo
suplementar, um “plus”, a que alguns, como os poetas,
conseguem aceder: Tudo passará, “... eles passarão... eu
passarinho”, no bem dizer do poeta Mario Quintana.
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 167-177, 2015 175
do sinthoma. Esse sinthoma é um gozo solitário, mas a
partir do qual se estabelecem novos laços com a vida.
Essa nova dimensão do sintoma foi formulada
por Lacan trabalhando sobre a biografia de James Joyce,
cuja escrita se tornou seu sinthoma à medida que, por
meio de sua escrita, Joyce se fez um nome. Cada um de
nós também faz sua própria escrita no decorrer da vida,
de modo tal que se pode reconhecer quem se é pelo talho
dessa escrita.
Se há algo no sujeito que perdura, também há
em sua estrutura uma variável que escapa à determinação
e impõe o novo. Determinação e liberdade, dois operadores
no ato de se reinventar.
Nossa personagem, num belo dia, acorda, junta
suas coisas, seus restos, sua bagagem e retoma o fio de sua
vida. O que a espera?
Talvez possa se reinventar e explorar recantos
de seu ser que ficaram à espera de uma nova montagem,
uma outra leitura. Isso vem como um a mais, um gozo
suplementar, um “plus”, a que alguns, como os poetas,
conseguem aceder: Tudo passará, “... eles passarão... eu
passarinho”, no bem dizer do poeta Mario Quintana.
Revista da Ato – Escola de psicanálise, Belo Horizonte, Angústia, Ano I n. 0, pp. 167-177, 2015 175