Page 32 - Revista ATO Ano 4 N 4
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A economia pulsional, o gozo e sua lógicaA lógica na formalização do Um do campo do Uniano

Em “O Seminário 19: ...ou pior”, ao formalizar o real
pela lógica matemática, Lacan (1971-1972) recorre à
matemática de Cantor, à lógica de Frege e outros destes
campos; e trabalha alguns enunciados como: o conceito do
conjunto vazio parte do zero na edificação dos números.
Esse conceito repousa na lógica que diz que o 1 é idêntico
a 0 e 0 é idêntico a 1. Vejamos a notação do conjunto vazio:

{ɸ, {ɸ}} = 1

01

Na identidade, coloca-se o 1 como marca da falta. O 1 da
falta é formado pelos 2 subconjuntos 0 e 1. Chama-se o 1
real de 1 matemático, composto dos enumeráveis 0 e 1. O
elemento 1 do conjunto acima é o vazio. Esse 1 é inexistente,
intraduzível, não entra na linguagem, é inacessível. Esse 1,
cujo elemento é o vazio, torna o fundamento do número. “O
que se constitui a partir de 1 e do 0 como inacessibilidade
do 2 só se revela no nível do álefe zero, ou seja, do infinito
atual” (LACAN, 1971-72, p.170). Um número é acessível
por poder ser produzido como soma ou por exponenciação
de números menores que ele. Lacan nos dá um exemplo:
“3 se faz com 1 e 2” e “O 4 pode ser feito com 2 elevado a
sua própria potência” (LACAN, 1971-72, p.171). Quanto
ao 2, Lacan diz:

[...] “não há 2 que se gere por meio do 1 e do 0”. (...) “O
álefe zero, ou seja o infinito atual mostra realizar a mesma
situação do 1”. (...) “É justamente isso que falta no nível do

32 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 29-35, 2018
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