Page 30 - Revista ATO Ano 4 N 4
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A economia pulsional, o gozo e sua lógicaA lógica na formalização do Um do campo do Uniano

Um da lógica ou Um do real, apontando para a não-relação,
sempre encoberto pela fala, diferente do traço unário, que
é do campo do possível, do que é possível dizer. Há Um é o
Um-todo-só revelado no discurso analítico a partir do real
do número.

O Unário e o Uniano funcionam em campos distintos. No
campo da significação, o traço unário comanda o processo
de identificação, em que traços emprestados pelo outro
passam a ter função de signos para o sujeito, operando
como recobrimento da falta a ser. O Uniano é do campo
do real, do sem sentido. O Unário diz de um traço. O
Uniano diz respeito ao resto que deixa rastro. Em francês,
existem duas palavras distintas: lá trace, o traço e lê trait,
o rastro. O traço é da ordem da imagem, e o Uniano é o
efeito de uma escritura. Dizendo de uma outra maneira,
o traço e o rastro produzem dois efeitos: o primeiro, a
fala; o segundo, a escrita. A escrita se caracterizaria por
não suportar nenhum remetimento de ordem significante:
nem metáfora nem metonímia. A escrita é da ordem da
estrutura, definida por Lacan em o “Aturdito” como o real
que vem à luz na linguagem.

Lacan (1971-1972) se utiliza da lógica para caracterizar
a sexualidade como sexuação. O passo dado por ele, ao
abordar a dissimetria das posições sexuais, foi de grande
importância. A posição masculina, determinada pela
lógica do todo, formaliza o universal para todo sujeito, é
representada pela fórmula que diz ∀xɸx para todo x falo
de x. A função fálica domina a significação na estrutura

30 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 29-35, 2018
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