Page 44 - Revista Ato_Ano_2_n_1
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Sintoma / SinthomaSinthoma
ser esse suporte, não há necessidade do Nome-do-Pai.
Isso porque, da mesma forma que na metáfora paterna, o
Nome tem como função dar a significação do desejo da
mãe pelo falo, o Nome exercendo a função de sinthoma,
na psicanálise, de acordo com Lacan (2007, p.238), “é o
instrumento para resolver o gozo pelo sentido”, mas também
reitera que o não sentido do real pode se esclarecer ao
ser tomado por um sinthoma. Para Guerra e col. (2008),
o sinthoma corresponde a algo do real do inconsciente e
para Lacan, Joyce é um sinthoma enquanto desabonado do
inconsciente.
Trata-se aqui de um sintoma desabonado, não tributário do
aparato semântico que é o inconsciente. Se o abonnement
compromete o sujeito a um pagamento adiantado pela
recepção de um bem (pelo qual aposta que vai obter – de
modo regular, periódico e recorrente – uma recuperação do
gozo), o desabono ou a não subscrição, por outro lado, marca
uma ruptura com tal aposta. Trata-se do sintoma em seu
puro valor de uso, um uso que vai mais além de seu valor
significante e de verdade, quer dizer, um uso desprendido
do fantasma, desprendido do gozo extraído da ficção que
o sujeito construiu para fazer existir um Outro do gozo
fabricado à sua medida. Joyce trabalha diretamente no real da
letra. Extrai seu gozo de uma experiência que não é abonada
pelo (ou subscrita ao) inconsciente (GUERRA e col. 2008, p.
s/n).
Por isso, Lacan escreve que o sintoma de
Joyce é estritamente o que lalíngua condiciona o que tem
relação com o gozo, e diz: “Aí está o sintoma”. E, como
mostra Joyce, o sintoma que é a realidade psíquica requer
44 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 35-46, 2016
ser esse suporte, não há necessidade do Nome-do-Pai.
Isso porque, da mesma forma que na metáfora paterna, o
Nome tem como função dar a significação do desejo da
mãe pelo falo, o Nome exercendo a função de sinthoma,
na psicanálise, de acordo com Lacan (2007, p.238), “é o
instrumento para resolver o gozo pelo sentido”, mas também
reitera que o não sentido do real pode se esclarecer ao
ser tomado por um sinthoma. Para Guerra e col. (2008),
o sinthoma corresponde a algo do real do inconsciente e
para Lacan, Joyce é um sinthoma enquanto desabonado do
inconsciente.
Trata-se aqui de um sintoma desabonado, não tributário do
aparato semântico que é o inconsciente. Se o abonnement
compromete o sujeito a um pagamento adiantado pela
recepção de um bem (pelo qual aposta que vai obter – de
modo regular, periódico e recorrente – uma recuperação do
gozo), o desabono ou a não subscrição, por outro lado, marca
uma ruptura com tal aposta. Trata-se do sintoma em seu
puro valor de uso, um uso que vai mais além de seu valor
significante e de verdade, quer dizer, um uso desprendido
do fantasma, desprendido do gozo extraído da ficção que
o sujeito construiu para fazer existir um Outro do gozo
fabricado à sua medida. Joyce trabalha diretamente no real da
letra. Extrai seu gozo de uma experiência que não é abonada
pelo (ou subscrita ao) inconsciente (GUERRA e col. 2008, p.
s/n).
Por isso, Lacan escreve que o sintoma de
Joyce é estritamente o que lalíngua condiciona o que tem
relação com o gozo, e diz: “Aí está o sintoma”. E, como
mostra Joyce, o sintoma que é a realidade psíquica requer
44 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 35-46, 2016