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InibiçãoInibição: nominação imaginária

que permitiria ao sujeito se fazer representar no campo do
Outro.

É no corpo que essa falta se manifesta e o sujeito
fica impedido. “...a inibição, como o próprio Freud articula, é
sempre negócio de corpo ou de função”(LACAN, 1975, p.6).
É uma parada de funcionamento imaginária, específica
do ser falante, que na tentativa de preencher a lacuna da
falta de sentido do discurso do Outro, cria o sentido. O
imaginário cria uma imagem para aquilo que não se sabe,
dando uma consistência, uma consistência imaginária. A
produção de sentido é estrutural, constituindo uma forma
de gozar do ser falante.

Qual é a direção do tratamento para que o sujeito
vá além da inibição?

Se por um lado a inibição é efeito da falta de
representante pulsional que permitiria ao sujeito advir no
campo do Outro, por outro lado, num trabalho de análise,
ela possibilita a abertura para a via da representação pré-
consciente. É o que pode ser visto no nó, como nos afirma
Sérgio Becker, em seu texto O letrista e o nó:

Lemos a formulação freudiana: o trabalho de escuta da
representação pré-consciente inibida permite traçar com a
linha do inconsciente uma escrita do sintoma. Na medida em
que o nó amarra inibição e sintoma, escreve a letra do vazio
de representante F e, no mesmo ato, ata a angústia, pois,
essa escrita faz borda ao gozo do Outro (JA). A representação
pré-consciente significa que algo fez furo no Outro, por isso
Lacan coloca-a na banda da inibição. Mostra que ao menos

28 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 25-32, 2016
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