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Marília Pires Botelho Inibição

miliarizou-nos com o melhor exemplo de pulsões sexuais
inibidas em seus objetivos. O recalque compele a criança
a renunciar à maior parte desses objetivos sexuais infantis,
ou seja, ela permanece ligada a seus pais, mas por pulsões
que devem ser descritas como “inibidas” em seus objetivos.

Na leitura desses textos e de alguns outros,
somos levados a pensar que, para que o sujeito se constitua
e faça enodamento de sua sexualidade, há que haver
inibição. É necessário um mínimo de inibição para que o
sujeito não seja devastado pelo gozo.

Em vários momentos da teoria freudiana vemos
a relação da inibição com a fixação. Cada ponto de fixação
porta um resto de gozo e mostra um furo. Mas, é aí que
encontramos a própria saída do sujeito. Ali onde houve
fixação há uma detenção do movimento pulsional, mas
a pulsão se enodou de alguma forma; o que nos leva a
pensar numa possível articulação entre a fixação e o nó
borromeano.

Lacan coloca os três termos freudianos – inibição,
sintoma e angústia no nó borromeano. Sabemos que o nó
borromeano é como se fosse um mapa da estrutura. O nó
é a estrutura e a estrutura é o real. É uma escritura capaz
de suportar um real.

É em decorrência da intrusão no campo
simbólico, nos diz Lacan em RSI, que a pulsão é inibida em
seu alvo como efeito da falta de um representante pulsional

Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Inibição, sintoma, angústia, Ano II n. 1, pp. 25-32, 2016 27
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