Page 7 - Revista ATO Ano 4 N 4
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— É, pois, no campo do silêncio e da voz – silêncio Editorial
e voz tanto do analista quanto do analisante – que
se estrutura o cenário onde ambos, cada um a seu
modo, com seus respectivos saberes e ignorâncias,
realizam seus trabalhos.

— A vivência de um afeto, ou melhor, da angústia é,
portanto, sempre um acontecimento de real que se
repete. Esse resíduo não apreendido do corpo vem
manifestar-se no lugar previsto para a fala de um
modo às vezes difícil de situar.

— O gozo afeta nossas vidas a partir da repetição
infinitizada que causa enorme sofrimento.

— Lacan, quando nos propõe que o psicanalista
deve estar atento à linha do horizonte de seu tempo,
para ali localizar a subjetividade de sua época, diz
que já não é mais concebível uma psicanálise que
não esteja e não seja da polis, sobretudo porque
ali, nas contradições da polis, temos o locus do
mal-entendido, do dito a mais, do dito a menos,
sobretudo, do mal-dito.

— Em “O Seminário 11: os quatro conceitos
fundamentais da psicanálise”, Lacan, com um
novo corte, cria dois novos “corpos”: o corpo dos
instintos e o corpo das pulsões. O corpo dos instintos
diz respeito à vida biológica, às necessidades
indispensáveis para a nossa sobrevivência. O corpo
das pulsões não diz respeito à sobrevivência. É um
corpo de falta, de querer ou de exigência. Uma

Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 3-9, 2018 7
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