Page 6 - Revista ATO Ano 4 N 4
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Editorial campo do gozo, demarcado por Lacan, demonstram esse
novo modo de pensar a ética, contrária a do bem-estar, a
do prazer. Ao ser atravessado pelo significante, o sujeito
terá como bem supremo algo que não é prazeroso. A ética
freudiana é a do mal fundamental para o qual o homem
tende. Lacan, em “O Seminário 7: a ética da psicanálise”, diz
que: “O bem não poderá reinar sobre tudo sem que apareça
um excesso, de cujas consequências fatais nos adverte a
tragédia” (LACAN, 1959-1960, p. 314). Esse excesso seria
o gozo que o sujeito busca em detrimento de seu bem. O
gozo fundamenta a ética do mal-estar. A clínica põe isso à
mostra através de perguntas como: por que faço isso que
me faz sofrer; por que repito tal comportamento que me
faz mal? O modo de gozo do sujeito nos diz da satisfação
da pulsão e nos remete ao objeto a, objeto pulsional cuja
estrutura topológica abre para a dimensão do real a ser
tratado em análise.

O leitor encontrará nesta edição a possibilidade de
aprofundamento do tema e também outras questões sobre
a clínica através da contribuição de nossos membros como
daqueles analistas de outras instituições.

Alguns fragmentos dos textos sinalizam para a qualidade
do conteúdo teórico desta edição:

— Não há, no campo psicanalítico, certeza prévia.
Não há, tampouco, teoria alguma capaz de, por si
só, assegurar ao analista o seu fazer. O que há são
alguns preciosos conceitos norteadores, os quais
não podemos perder de vista.

6 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, ano 4, n. 4, p. 3-9, 2018
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