O tema que trabalhamos em 2024, O lugar do vazio na psicanálise, nos instigou a aprofundar e a investigar a questão do vazio e sua relação com o desejo.

Freud, em “A interpretação dos sonhos”, de 1900, nos traz o sonho como desejo realizado, temor realizado, reflexão de algo da vida de vigília, reprodução de uma lembrança ou sonho de conveniência.

Ele nos aponta que o desejo é justamente a busca por aquele objeto suposto da primeira experiência de satisfação que nunca existiu.

A dialética do desejo se apresenta na tentativa de satisfação e no impedimento a essa satisfação, ou seja, entre a tentação e a proibição. 

Lacan (1960), no texto a “Subversão do sujeito e a dialética do desejo”, resgatando e demarcando algumas noções freudianas, se interroga: “quem está falando quando se trata do sujeito do inconsciente?” (LACAN, 1960, p. 815)

Ele nos mostra que o sujeito, para a psicanálise, se estrutura como falta-a-ser e falta-a-ter. É um vazio, lembrança apagada, significante que falta. Vazio de representação em que se manifesta o desejo. 

É em 1960, no texto referido acima, que Lacan constrói o grafo para nos apresentar onde se situa o desejo em relação a um sujeito articulado ao significante. Seu objetivo, ao dispor o grafo em patamares, era o de mostrar “a estrutura mais amplamente prática dos dados de nossa experiência”, (LACAN, 1960, p. 819), articulando, também, o ponto de basta como o que detém o deslizamento da cadeia significante. Posteriormente, Lacan prossegue com suas postulações em seus seminários. 

Sabemos que são muitas as questões sobre o desejo, postuladas por Freud e que percorrem toda a teoria lacaniana, o que nos convoca, em 2025, a explorar o tema O vazio na constituição do desejo.