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Editorial algo inacessível. No entanto, aqueles que conseguem
romper essa barreira inicial constatam sua importância e
efeitos na clínica. Lacan se serve da topologia para fazer
uma escrita do real, do que não cessa de não se escrever.
Isso interessa à clínica, pois toca “o sentido do sintoma”,
que é o real e permite sua apreensão por outra via que não
somente a articulação significante e sua gramática.
Perguntamos em que a prática com a topologia pode
transformar, nos psicanalistas, a sua escuta? Esta não se
orienta pelo sentido, pelo inteligível. Pelo contrário, a escuta
psicanalítica destaca aquilo que da linguagem ex-siste ao
sentido, ou seja, o inconsciente enquanto real. “Lugar
êxtimo” em que uma análise é possível. O analista escuta
na fala do sujeito “o peso de seu gozo, o peso pulsional que
está em jogo e visa deslocar o sujeito da posição na qual
tinha certeza sobre o objeto”, ressalta uma das autoras.
Aí se coloca o desejo do analista que relaciona-se a uma
posição, a um lugar de vazio no real da experiência, e será
um “recurso para lidar com os percalços na transferência”
dentro e fora do setting analítico. Desdobra-se outra
dimensão do saber, “... porque não é isso!”, “além do
pai”, no limite ao simbólico. “Corpo, gozo e lalangue” se
enlaçam.
A noção do desejo do analista, desejo que não é puro, foi-se
construindo desde Freud e depois dele. Desde Freud sim,
diz outra autora, “porque temos de sua prática exemplos
notáveis tanto de sua retidão quanto de seus desvios,
4 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 5-7, 2017
romper essa barreira inicial constatam sua importância e
efeitos na clínica. Lacan se serve da topologia para fazer
uma escrita do real, do que não cessa de não se escrever.
Isso interessa à clínica, pois toca “o sentido do sintoma”,
que é o real e permite sua apreensão por outra via que não
somente a articulação significante e sua gramática.
Perguntamos em que a prática com a topologia pode
transformar, nos psicanalistas, a sua escuta? Esta não se
orienta pelo sentido, pelo inteligível. Pelo contrário, a escuta
psicanalítica destaca aquilo que da linguagem ex-siste ao
sentido, ou seja, o inconsciente enquanto real. “Lugar
êxtimo” em que uma análise é possível. O analista escuta
na fala do sujeito “o peso de seu gozo, o peso pulsional que
está em jogo e visa deslocar o sujeito da posição na qual
tinha certeza sobre o objeto”, ressalta uma das autoras.
Aí se coloca o desejo do analista que relaciona-se a uma
posição, a um lugar de vazio no real da experiência, e será
um “recurso para lidar com os percalços na transferência”
dentro e fora do setting analítico. Desdobra-se outra
dimensão do saber, “... porque não é isso!”, “além do
pai”, no limite ao simbólico. “Corpo, gozo e lalangue” se
enlaçam.
A noção do desejo do analista, desejo que não é puro, foi-se
construindo desde Freud e depois dele. Desde Freud sim,
diz outra autora, “porque temos de sua prática exemplos
notáveis tanto de sua retidão quanto de seus desvios,
4 Revista da ATO – escola de psicanálise, Belo Horizonte, Topologia e desejo do analista, ano 3, n. 3, p. 5-7, 2017